30 de maio de 2014

E por falar nisso

Um artista polêmico e genial
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Vida louca vida, vida breve/ Já que eu não posso te levar/ Quero que você me leve...”. Assim começa uma das músicas de maior sucesso de Agenor de Miranda Araújo Neto, melhor dizendo, Cazuza. Simplesmente um dos maiores e mais icônicos artistas da música brasileira.

Nascido em 4 de abril de 1958, ariano, portanto – o que explica muita coisa – ele começou a atuar como cantor e compositor na banda Barão Vermelho, ao lado de Roberto Frejat, outro grande nome do rock nacional. Mas seu talento e genialidade o levaram além, fazendo com que saísse do grupo e seguisse carreira solo, onde fez ainda mais sucesso que antes.

Cazuza passeou pelo Rock, foi visceral na MPB e flertou abertamente com a Bossa Nova. Fosse qual fosse o estilo em que compusesse ou “apenas” cantasse o que outro escrevera, ele “apropriava-se” da música de tal modo que era quase impossível imaginar um intérprete diferente para uma canção que gravasse.

Influenciado pelo movimento Beat, encontrou terreno fértil para compor um imaginário polêmico e, por vezes, exagerado, assim como o título do primeiro álbum solo e de um de seus muitos sucessos. Construindo um trabalho atemporal, comunicativo e envolvente, tornou-se – sem pretensão para tanto – porta-voz da juventude nos anos 80. Em nove anos de carreira, deixou 126 gravações oficiais, 78 inéditas e mais 34 para outros artistas.
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Musical impressionante: a mesma vibe!
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A histórica “Brasil”, ganhadora do prêmio Sharp de melhor música do ano (1988) e melhor composição pop/ rock (1988), regravada também com bastante êxito por Gal Costa, tornou-se um símbolo. Assim como "Ideologia", "O Tempo Não Pára", "Faz Parte do Meu Show" e "Codinome Beija-Flor". Já a cantora Cássia Eller chegou a lançar um álbum inteiro – Veneno Antimonotonia – somente com composições de Cazuza.

Destemido, declarou-se bissexual e, mais tarde, para tristeza dos fãs, portador do vírus HIV, que ainda nos dias atuais – apesar do grande avanço no tratamento e maior longevidade dos pacientes – é incurável. Faleceu em 1990, não sem antes lutar com toda a coragem que lhe era peculiar. Dando início ao mito que se renova na lembrança dos brasileiros a cada lançamento de uma nova homenagem.

No ano em que completaria cinquenta e cinco anos de idade e que já transcorrem vinte e três de sua morte (2013), foi lançado, no Rio de Janeiro, o musical “Cazuza – Pro Dia Nascer Feliz”, onde a linguagem teatral se une ao carisma vanguardista da música desse poeta voraz. O espetáculo, que já passou pelas cidades de Brasília, Porto Alegre, São Paulo e Vitória, também esteve em Belém, no período de 16 a 18 de maio, com o ator revelação Emílio Dantas como protagonista.

Bravo, Cazuza! Bravo!