28 de agosto de 2014

Caminhos para o Oriente


Luminárias no Grand Bazaar, em Istambul: arte local

Você já notou como, de uns anos para cá, o Oriente simplesmente vem aportando no Ocidente. Não? Então, vamos lá, vou te dar alguns exemplos: o uso de lenços (tanto na cabeça quanto no corpo) e turbantes pelas mulheres, acessório que, se bem usado, produz um efeito muito charmoso; o retorno de motivos arabescos que, como o próprio nome sugere, têm influência dos traçados ornamentais presentes na cultura meso-oriental; a volta dos chapéus (por incrível que pareça), sobretudo os floppy  com aba mais curta e topo côncavo, podem compor um look étnico urbano, boho chic, vintage/ retrô ou até folk, dependendo da composição feita o pulseirismo, tanto para as mulheres quanto para os homens (que, por sinal, aderiram fortemente) – e para eles, especificamente, o uso dos bigodes (moustachespropriamente ditos –; e também em vários objetos e estamparias, chegando até mesmo aos artefatos de decoração.

Inúmeras são as referências que vemos em toda parte. Basta ligar a televisão. Há programas de gastronomiaturismonovelas – vide a trilogia ethnic de Glória Perez (“O Clone”, “Caminho da Índias” e ‘Salve Jorge”), que deixou um legado acessível e de valor concreto para muitas pessoas (algumas sequer imaginavam a extensão, a beleza da cultura desses povos), com informações e, inclusive, conhecimentos da sabedoria tradicional muçulmana, como também indiana e turca. Percebemos que é muito bom ter acesso ao universo simbólico de outros povos. Isso nos faz vê-los de outros modos.

Kajal nos olhos: para todos

Lembro-me dos anos 90, quando alguns rapazes tentaram trazer ao Brasil o uso do kajal nos olhos. Advinha! Foram muito mal vistos. Como sempre acontece quando ocorre uma tentativa de "quebra" de algum paradigma social. O produto, um tipo de delineador de aplicação leve e consistência espessa tem, na origem de seu uso, funções de proteção aos olhos contra a poeira arenosa (constante nos desertos) e significados ligados ao fortalecimento espiritual, também no sentido de proteção; sendo comumente usado por povos nômades e seminômades dessas regiões áridas, como os Tuaregues e Berberes. Portanto, um elemento visual sem conotações negativas.

Em um mundo cada vez mais globalizado, onde as fronteiras tendem a cair – e que Deus nos favoreça, haja cada vez mais paz –, a interação entre os povos, em todos os níveis, é algo a ser buscado. Afinal de contas, sempre temos o que aprender uns com os outros. Pois, é fato que quando temos o bom senso de reconhecer essa necessidade essencial (presente em todos nós), caminhamos em direção à ascensão espiritual. E isso não é “lição (ultrapassada, como alguns preferem chamar) de cunho religioso”. É apenas o ser humano, sendo humano na sua relação com o próximo. Conhecer as visões de mundo de outros povos pode ser a chave do bom entendimento e de uma compreensão mais abrangente das realidades a nossa volta.

Em tempo, 2014 é o Ano da Cultura Qatar no Brasil, com ênfase no intercâmbio de experiências artísticas/ culturais e também na área do esporte. Os eventos estão acontecendo em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e João Pessoa. Atenção à exposição "Pérolas", no MAB-FAAP, em São Paulo – onde podem ser encontrados itens como a icônica "Ruby Lips", confeccionada por Salvador Dalí, além de peças que pertenceram a Lady Di Liz Taylor. Que tal?!

Ruby Lips: surrealista e genial