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Twiggy: a icônica modelo dos anos 60 traz o conceito exato da proposta Rose Quartz & Serenity (Imagem: @pantone - Pantone Institute) |
Qual é o significado da cor rosa? E da cor azul? Quais são os atributos por nós aprendidos desde sempre na cultura ocidental sobre essas duas cores? Com essas três perguntas podemos começar a mexer com a polêmica contida no tema deste post: as cores e os gêneros.
São questões (aparentemente) simples e não é necessário muita Filosofia para falarmos disso: rosa (a cor da Barbie) é para as mulheres e azul (a cor do Capitão América) é para os homens. Certo? Hummm, vejamos com a lupa... E a resposta é não, essas não são obrigatoriamente cores exclusivas de um ou de outro gênero.
Se voltarmos um pouco na história da humanidade, veremos que o rosa, derivado do vermelho, classicamente associado ao fogo e ao deus romano da guerra, Marte (portanto ligado à agressividade tipicamente masculina), pode ser considerado uma cor masculina; e que o azul, representando o céu e a deusa romana da beleza, Vênus, (então associado à sedução e à fertilidade, aspectos notadamente femininos) pode ser considerado uma cor feminina. Logo, acabaremos por derrubar o muro semântico/ simbólico estabelecido por anos a fio de publicidade unilateral.
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Tom Scott: "...the answer is 'they'...". Reflexões de um geek sobre cultura e sociedade |
Em um mundo cada vez mais globalizado e, antagonicamente, mais feroz e dividido, falar sobre equilíbrio é importante. A coexistência entre partes, não necessariamente opostas, mas diferentes, é algo a ser pensado. Assim, a Pantone – sempre na vanguarda – abre caminho para um importante debate, que ultrapassa os escritórios de Design e Moda chegando até a mais inofensiva programação na TV aberta, como novelas, outros programas e até campanhas comerciais, através de uma proposta dual para o ano de 2016: Rose Quartz & Serentity.
Partindo do conceito de equilíbrio através da união, o Instituto apresenta não somente uma, mas duas Cores do Ano. A ideia é a busca de um refúgio, conforto em meio ao caos urbano da atualidade. Não à toa, os tons evocam texturas e ambientes da natureza em sua forma delicada, mas, ainda assim, cheia de vida, como a alvorada e o entardecer. Feminino e Masculino. Masculino e Feminino. Não há preocupações com "rótulos", pois são perfeitamente ajustáveis. Esse é o ponto-chave: the answer is "they"! Em Inglês, o pronome 'they' é neutro, tendo como tradução, no Português, 'eles/ elas' que, por sua vez, apresentam gêneros.
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David Bowie: o camaleão do rock |
O problema não são os gêneros, mas a confusão que se cria em torno deles. Então, de tempos em tempos, chegam pessoas como Twiggy, David Bowie, Annie Lennox, Tilda Swinton (só para não citar Hilary Swank e Eddie Redmayne; e não vamos mencionar brasileiros para evitar problemas), etc. Sejam artistas, modelos ou desconhecidos, são figuras que atravessaram o limiar das qualificações, tornando-se "livres" de etiquetas, seres que nos fazem repensar o belo, o insólito e o possível.
Algo que vem ao encontro de uma nova cultura, (agora) chamada gender light, da qual você já deve ter ouvido falar. Não é mais o andrógino, o "incerto flamejante". É um tanto mais simples e um pouco mais leve. Trata-se de uma moda neutra, fluida, com peças que podem ser usadas tanto por mulheres quanto por homens e vice-versa. É o compartilhável elevado ao seu status máximo.
Ficou tudo muito confuso? Mas não precisa ser assim! Justamente por isso, a proposta da Pantone faz refletir sobre a unidade e não a divisão: rosa e azul não precisam caminhar separados, funcionam muito bem juntos ou até misturados – a área de transição entre Rose Quartz e Serentity produz um lilás suave, intrigantemente cheio de esperança; quase como uma mensagem secundária sobre um futuro que, embora ainda desconhecido, acredita em dias de paz entre os povos, um tempo de harmonia entre os seres humanos e com a natureza, onde existe amor, respeito e inclusão para todos e onde o bem sempre prevalecerá.
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