17 de junho de 2014

Mexendo nos assuntos de Afrodite

"Vênus fashion". Releitura criativa!
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Quando falamos sobre mitologia, no post anterior, a memória nos fez lembrar daquela que foi venerada pelos gregos como a deusa da beleza, Afrodite  chamada Vênus, entre os ramanos –, retratada pelo talento e imaginação habilidosa de Botticelli. Seja como for, a personificação do ideal da perfeição feminina, relacionado também à fertilidade e à sedução, está presente em várias culturas ao redor do mundo. Assim, encontramos o culto a Hator e Ísis, no antigo Egito; a Lakshmi, na Índia; e a Iemanjá e Oxum, no Brasil, como herança de tradições religiosas africanas.

É curioso notar a simetria existente entre as características/ atributos dessas divindades, nos mitos/ rituais de vários povos. Mistérios à parte, o tema é realmente interessante e mostra a importância dada ao assunto, seja no Ocidente, seja no Oriente. Começamos falando sobre isso porque esteve em Belém a ótima peça "Razões Para Ser Bonita" (por sinal um dos poucos exemplos onde o título traduzido é bastante fiel ao original), adaptação de "Reasons To Be Pretty" – grande sucesso na Broadway –, do aclamado roteirista, cineasta e dramaturgo Neil LaBute, reconhecido pelo humor ácido e a abordagem inteligente de temas contemporâneos.

O foco dessa crônica de costumes é o “drama” de viver em um mundo onde a beleza é o parâmetro de inclusão social. A insegurança de uma mulher (Steph/ Ingrid Guimarães) com a própria aparência gera a crise que é o ponto de partida, estopim do fim de um relacionamento amoroso. Tudo porque ela fica sabendo que o namorado (Greg/ Gustavo Machado) a considera “apenas comum”, sem saber que ele também dissera que não a trocaria por outra mulher. A partir daí o texto se desenvolve fazendo crítica a uma sociedade onde os ideais estéticos são cada vez mais inatingíveis e as consequências disso.

O tipo de humor presente no espetáculo é bem diferente dos esquetes da eterna Leandra Borges que, depois de dez anos de sucesso em “Cócegas” (ao lado da não menos competente Heloísa Périssé) decidiu explorar um aspecto mais intimista e dramático na atuação cômica, permitindo que o público conheça novas e intrigantes facetas de sua personalidade criativa. Completam o elenco os belos atores Marcelo Faria e Aline Fanju. Com direção de João Fonseca, as apresentações aconteceram no Teatro (obra de arte) da Paz. Um sucesso!
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O "drama" de ser comum. Drama?